Pintarei todas as cores do arco-íris na sua vida, só para colorir as horas que passarem por nós a cada dia. Estampar sorrisos onde quer que olhe e nos dias acinzentados rabiscar uma rede na varanda com um abraço cobertor. Na página branca escreverei teu nome no tom mais feliz que existir. Em tom celeste pincelar o olhar mais contente. Deixar da cor do mar. Esverdear.
Posso pintar também com lápis de cor todos os espaços vazios, com giz de cera colorir esse silêncio de quem buscava respostas para os tons mais amenos e neutros. Posso brincar feito criança e num pequeno instante envelhecer alguns anos.
Realçar o traçado mais perfeito do desenho. Esconder-me nas entrelinhas que sonhei e rabisquei.
Seria o tempo senhor e pintor de todas as histórias que resolvi desenhar? E se desistisse de pintar e resolvesse contar histórias? Assumiria ele o papel de narrador do conto de fadas que um dia acreditei transformar a minha vida?
Prefiro sonhar que nossas mãos vão segurar o mesmo lápis e percorrer cada linha do caderno, acreditar que iremos traçar os sonhos de amanhã, juntos. Que somos personagens de uma história em que os cenários foram coadjuvantes e o roteiro estava escrito no tempo do Autor do calendário.
Roberta Falcão (nov/2009)
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